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Entrevista com Filipe Coelho – Diretor da Tracker Logística, empresa parceira ADERJ

09 set 2020 - Notícias

A ADERJ – Associação de Atacadistas e Distribuidores do Estado do Rio de Janeiro realizou uma entrevista exclusiva com Filipe Coelho, Diretor da Tracker Logística, nossa empresa parceira. Nesta entrevista, Filipe aborda assuntos como a segurança portuária em nosso Estado e a importância da aprovação do Projeto de Lei nº 2772/2020, votado na semana passada.

ADERJ:
Qual a importância do setor de importação e exportação para a economia fluminense? 

FILIPE: O nosso Estado do Rio tem uma vocação natural para atuar como Hub Logístico para vários Estados da Federação. Temos a condição ideal aeroportuária no Galeão, para receber aviões de grande porte, tanto de passageiros (trazendo carga) quando cargueiros, bem como, dispomos de três grandes equipamentos para movimentação de carga, à granel ou conteineirizada (Porto do Rio, Porto de Itaguaí, Porto do Açu).

Adiciona-se a isso o fato de sermos o 2º maior PIB do país, estando, geograficamente posicionados, ao lado do primeiro (SP) e ao lado do 3º, (MG – este terceiro não tem mar, precisa utilizar portos de alguém). Como sendo o segundo maior consumo e, cientes de que o país está inserido numa cadeia de negócios internacionais, precisamos nos fazer valer desta “vocação natural”, para, assim, trazermos o movimento e as operações que o nosso Estado tanto precisa, acompanhando junto a eles: maior emprego e renda, maior arrecadação de impostos, maior possibilidade de investimento e retorno para nossa população.

Em nossos “Conselhos”, temos discutido a importância de se trazer maior clareza à população e aos usuários, sobre a importância desse setor para a economia fluminense. Precisamos entender que, quando a carga é movimentada por nossos Portos e Aeroportos, além de, naturalmente, os custos logísticos serem mais baixos ao povo fluminense (impactando o preço final dos produtos), existe toda uma cadeia produtiva, que requer muito investimento e mão de obra. Quando as cargas são movimentadas, a cadeia de combustíveis é demandada, gerando emprego e arrecadação de ICMS pro Estado, os distribuidores de autopeças e pneus, que suprem os Transportadores, idem, gera-se também emprego de motoristas, ajudantes, operadores de máquinas, equipe para comercial, administrativo e operacional, despachantes aduaneiros, demanda-se armazém (frio e seco), etc. Enfim, existe uma máquina gigantesca movimentada, mas que só é percebida, quando ela pára.

Veja o exemplo do Galeão, é um equipamento que demandou muito investimento pelo atual Concessionário, contudo, possui hoje uma movimentação ínfima, se comparada à sua capacidade operacional. Nosso Secretário Estadual de Transportes (Delmo Pinho) tem trabalhado para reverter este cenário. Hoje, infelizmente, se algum de nós, desejarmos viajar ao exterior, fica restrito a vôos com conexões em outros estados, ou raríssimas opções de vôo direto, comparadas aos volumes regulares que tínhamos antigamente. Vale lembrar que, a maior parte das cargas transportadas no modal aéreo, vem em avião de passageiros. Se não temos vôos internacionais em volume suficiente, estas cargas acabam migrando para Aeroportos e Estados que o tenham, ficando neles a arrecadação de impostos e o emprego.

Outro exemplo que sempre cito foi o gigante investimento (na ordem de mais 1 bilhão de reais) feito pelos operadores portuários no Porto do Rio, para hoje, a soma do movimento de container dos 3 terminais (ICTSI, Multi Rio e Sepetiba Tecon) ser inferior ao movimento de apenas um terminal situado no Estado de Santa Catarina.

Graças a Deus e ao esforço conjunto da ADERJ e outras Entidades unidas (Fetranscarga/ACRJ/Sindaerj/Sindoperj/Sindopita/Fecomércio/Sindicarga e outros), conseguimos iniciar o processo de correção da distorção fiscal que traz essas infelizes consequências. Felizmente, desde o início deste governo, o atual Governador em Exercício (à época Vice-Governador), Cláudio Castro, nos “deu ouvidos”, abrindo os caminhos para que estes problemas pudessem ser resolvidos junto à Secretaria de Fazenda. Encontramos lá um solo fértil, com um profissional técnico (Dr. Rogério Correa), que, vindo do Espírito Santo (um estado que faz do comércio exterior uma grande fatia de sua arrecadação), entendia a importância do assunto para o Estado e sabia os caminhos para resolver.

Nada ainda está definido ou resolvido, demos um passo importante na semana passada (grande luta da ADERJ, o Projeto de Lei nº 2772/20), mas ainda temos um árduo caminho pela frente. Precisamos que as entidades que representam os diversos setores se unam, em prol dos mesmos objetivos: gerar riqueza, empregos e desenvolvimento para nosso Estado.

 

ADERJ: Após a chegada dos produtos no porto, quais são os próximos passos até chegar o distribuidor?

FILIPE: Infelizmente, muitos importadores ainda lutam contra os gargalos e entraves burocráticos de órgãos anuentes e fiscalizadores (quer seja por falta de efetivo, quer seja por excesso de normas e regulamentos ou até mesmo pela falta de digitalização dos processos e rotinas), o que acaba por onerar, sobremaneira, o custo final do produto ou insumo adquirido. Mas, voltando à pergunta e, falando de maneira bem sucinta, uma vez que o produto chega ao porto, geralmente por meio de uma Assessoria/Despachante Aduaneiro, declara-se esta importação à Receita Federal, para que os impostos sejam devidamente recolhidos.

Após o recolhimento dos impostos e análise do processo, segue-se a liberação, sendo as taxas portuárias pagas aos respectivos Terminais/Operadores Portuários. Finalmente, após todas as liberações, contratam-se as Transportadoras ou até Operadores Logísticos, dependendo da necessidade de cada cliente/operação. A obrigação destes é retirar o(s) container(es) do Porto e entregá-lo(s) ao cliente, quer seja em seu endereço comercial/industrial, quer seja remetendo para um armazém terceirizado.

Vários importadores optam por trabalhar com Operadores Logísticos, pois, em sua maioria, estes dispõem de, além do transporte propriamente dito, espaço próprio para recebimento das cargas dos clientes e realização de serviços como: Desova do container, paletização/filmagem, armazenagem e posterior expedição para o destino determinado pelo cliente.

Por último, mas, não menos importante, faz-se necessária da devolução do container vazio. A cia de navegação, ou como conhecemos, o “Armador”, determina o local de devolução, que usualmente, conhecemos como “DEPOT”. A Transportadora/Operador Logístico contratado segue para o Terminal/DEPOT, para entrega da unidade vazia, ficando esta armazenada e apta à liberação, para uma futura operação de exportação.

 

ADERJ: Qual conselho o senhor deixaria para as empresas que desejam começar a atuar com importação e exportação?

FILIPE: Planeje-se, prepare-se. O mercado e a competição estão cada vez mais acirrados. A tecnologia precisa ser um aliado, para que se consigam reduzir os custos envolvidos nas operações e assim, se manter competitivo neste cenário. A escolha dos parceiros corretos também é fundamental. É importante que o parceiro escolhido entenda, de verdade, como funciona a cadeia, como se solucionam os desafios que virão. Vale lembrar que num cenário de câmbio extremamente volátil, o planejamento é fundamental, qualquer “derrapada” no caminho pode gerar custos não comportados, deixando o produto e a empresa fora de competição.

 

ADERJ: Qual o impacto do fator “segurança” nas operações e movimentações de carga no Estado do Rio de Janeiro?

FILIPE: Este é um tema muito crítico, não só para o Estado do Rio de Janeiro, mas também para outros estados, contudo, aqui, o tema é mais agravado. A falta de segurança para as operações que envolvem a cadeia logística (desde o transporte até a armazenagem) afasta o interesse dos empresários em investir e atuar em território fluminense, além, é claro, de elevar, de forma significativa, os custos para os contratantes e consumidores.

Tivemos um acréscimo assustador no índice de roubo de carga, durante o ano de 2016, que culminou numa manifestação de transportadores em Junho de 2017. Após essa manifestação, o Estado do Rio de Janeiro passou por uma intervenção Federal na segurança, o que, trouxe redução significativa imediata nos índices de roubo de carga, por meio de ações de inteligência e investimento nos equipamentos das Polícias Militar e Civil do Estado. A política de segurança do atual governo, tem mantido os índices no mesmo patamar pós-intervenção.

O grande problema é que, uma vez a “fama” feita, leva-se tempo para se reconstruir. A sensação de falta de segurança faz com que o seguro das operações de transporte e armazenagem sejam elevados ao extremo, bem como, as exigências pelas companhias de seguro, quanto ao investimento em tecnologias de rastreamento, trazem um custo operacional não observado em outros estados. Este custo, naturalmente, precisa ser incorporado no preço, o que acaba por onerar toda a cadeia.

O gasto com tecnologias de segurança e rastreamento, dependendo do porte da empresa e dos clientes/produtos atendidos/transportados, pode ultrapassar a ordem de R$ 500 mil/ano. Este é um custo que não é percebido pelos usuários, mas precisa-se chamar atenção e buscar o diálogo constante com os governos, para que nossos produtos possam competir num cenário global.

 

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