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ção e foram criados os Centros Agrícolas. Os portos do Rio
 cresceram em importância e, pelos armazéns dos atacadistas
 - a maioria formada por imigrantes portugueses - começa-
 ram a circular os produtos consumidos pela população.

 A história do comércio no país passa por uma das mais
 antigas ruas do Rio, a Acre, em plena Zona Portuária da ci-
 dade. Concentrava o comércio atacadista e era frequentada
 pelos varejistas dos mercados públicos, armazéns, mercea-

 rias, quitandas e feiras livres, principais pontos de venda que
 dominaram o cenário urbano até aos anos de 1950.
 Os trabalhos começavam muito cedo, com os represen-
 tantes dos  comerciantes, os  ceboleiros, apresentando seus

 produtos, que levavam às costas, nos braços, e os zangões,
 agenciadores autônomos, ou corretores (profissão reconhecia
 em 1843) que efetuavam as compras:  negócios em regime de
 consignação (o produtor só recebia após o representante ser
 Eram   pago pelo varejista). Os pedidos eram feitos por rádio e telé-                                                   20/21
 tempos  grafo, após confirmação por meio de carta expedida pelo cor-  pecados, pelas faturas em aberto, pelos empréstimos, e os fis-  Armazém Caravella,

 de negócios   reio; a encomenda, remetida por navio, ficava armazenada em   cais, pelas dificuldades em cobrar os impostos.  na Rua Catumbi,
                                                                                             em 1922,
 feitos   trapiches. Depois, distribuída por caminhões ou por trem.  Já nos anos 1960, a Bolsa de Gêneros Alimentícios (BGA),   foto de Augusto Malta /
                                                                                             Arquivo Geral da Cidade
  Apesar desses cuidados, eram tempos de negócios feitos, mui-
 no fio   tas vezes, na base da palavra, no boca a boca, na confiança do   criada na década anterior, com mais de mil associados, come-
                            çou a organizar o comércio na região. No andar térreo, numa
 do bigode  fio do bigode. Os comerciantes eram em sua maioria espanhóis,   lousa de mármore, era registrada a movimentação do dia, pa-

 italianos e, principalmente, portugueses. Os pregões eram reali-  râmetro para comparação de preços e de negócios. Em pouco

 zados ao meio-dia, mas os trabalhos seguiam até a noite. Folgas,   tempo a área se mostrou inadequada, pequena, para o setor.
 apenas aos domingos. Em outra área próxima, na Rua do Ou-  Transferida para a região da Leopoldina, no Mercado São Se-
 vidor, também existia uma grande movimentação comercial: ali   bastião, na Penha, começava a nova etapa de atuação da BGA,
 aconteciam os pregões de produtos importados e sofisticados.  em janeiro de 1975, com 72 armazéns.

 O número de estabelecimentos comerciais chegou a tal   O primeiro supermercado, nos moldes em que funcionam
 ponto e os valores de negócios a tal volume que, no começo   até hoje, o Disco, foi fundado em 1952, no bairro de Copacaba-
 do século XX, os corretores criaram a Bolsa de Produtos, ao   na, na Zona Sul do Rio, por Augusto Frederico Schmidt (1906-
 ar livre, para compra e venda, que funcionou no encontro   1965). Poeta, editor, diplomata, jornalista e empresário. Sempre

 das ruas Acre e Alcântara Machado, trecho conhecido como   em função da evolução e do aprimoramento dos seus serviços,
 “Esquina do pecado”:  onde os comerciantes iam pagar seus   a BGA integrou-se à rede informatizada, em janeiro de 1990.


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