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Fundação Dom Cabral quer capacitar um milhão de empreendedores populares no país

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Presidente da entidade, Antonio Batista da Silva, disse que programa vai oferecer ensino gratuito para comunidades e favelas com o objetivo de impulsionar o pequeno negócio

Seja na produção de marmitas, máscaras ou em uma loja virtual de roupas, o pequeno negócio tem se transformado em um motor da economia brasileira. E para impulsionar ainda mais essa geração de renda e riqueza, principalmente nas favelas e aglomerados, a Fundação Dom Cabral quer capacitar um milhão de empreendedores populares no país. Esse foi um dos temas tratados pelo presidente executivo da entidade, Antonio Batista da Silva Junior, na Live do Tempo desta quarta-feira (16). O programa, batizado de Pra Frente, será realizado de forma remota (mais informações estão disponíveis na página prafrente.fdc.org.br). Confira abaixo a entrevista completa:

 

Como a Fundação Dom Cabral foi afetada em meio à pandemia e quais os setores mais impactados nesse período?

A pandemia afetou seriamente a economia e costumo dizer que, juntamente com setor aéreo e de entretenimento, o setor de educação foi um dos mais afetados com o fechamento das atividades. Isso também não foi diferente com a educação executiva e, na Fundação Dom Cabral, tivemos que interromper as atividades presenciais. Por conta disso, lançamos ações em três grandes campos. O primeiro grande campo foi em relação aos nossos colaboradores. Para garantir a integridade de todos, incluindo parceiros, clientes e professores. Há seis meses, estamos trabalhando a distância, em casa, e fazendo a maioria dos programas ou aqueles que eles são possíveis de serem feitos através do home office. Um segundo grande movimento é em relação aos nossos clientes e parceiros. Seguimos com muitas proximidade e disponibilizando um conjunto de soluções educacionais que possam ajudá-los nesse momento de crise, incluindo nossas metodologias, ferramentas de gestão e conhecimento. Colocamos nossos professores a serviço da sociedade para apoiá-los nesse momento difícil. Por último, um movimento voltado para a sociedade em geral. Desenvolvemos no campo empreendedorismo, sobretudo desenvolvendo uma solução que tem por objetivo capacitar um milhão de empreendedores populares ao longo dos próximos meses, porque a gente sabe que pandemia teve um impacto muito grande na questão da saúde. Por isso, precisa retomar atividade econômica de uma maneira ativa no cenário pós-pandemia. Então essa iniciativa da Fundação Dom Cabral tem por objetivo apoiar os pequenos empreendedores para gerar renda, trabalho e um modelo de subsistência que será muito necessário ao longo dos próximos meses. Tem sido um momento de muito aprendizado, em um momento em que a educação vem sendo desafiada a se reinventar com novas práticas e novos processos.

A fundação é procurada por grandes executivos, gestores e empresários e, por isso, podemos considerá-la como um termômetro da economia, já que quando tem grande procura de capacitação, indica que há planos. Como que está essa procura agora?

Muita gente tem discutido a questão da pandemia e das suas consequências, se elas serão revolucionárias ou que restará depois da doença. Temos feito uma reflexão muito importante de que a pandemia é um gatilho que está acelerando as transformações que o mundo já passava, inclusive entre as empresas e as carreiras. A humanidade tem muitos pontos positivos: conseguimos construir um progresso para as populações ao longo dos últimos 500 anos, especialmente agora, em que conseguimos de uma certa maneira combater a doença, fome, violência, mas ao mesmo tempo convivemos com cenário de intolerância, incapacidade de criação de bom senso e do diálogo. O Brasil também tem paradoxos muito particulares. É um país muito avançado, estamos entre as dez maiores economias do mundo, costumamos celebrar pouco isso, mas é um fato notável. Temos uma democracia sólida, imprensa livre, instituições autônomas e capacidade empresarial pujante, mas carecemos ainda de uma participação mais ativa da sociedade no âmbito político e precisamos, sobretudo, superar uma desigualdade social que construímos ao longo da nossa história que nos coloca entre os 10 piores países. Essa questão é criminosa e a nossa geração não pode mais se suportar essa questão. Digo isso porque as empresas do mundo corporativo estão inseridas em todo esse contexto e também vêm passando por transformações. Acho que haverá haverá uma nova discussão sobre o novo papel das empresas e dos executivos nesse novo contexto.

E qual seria esse novo papel das empresas e organizações?

Quando eu estava na graduação, os manuais de administração e economia sempre colocavam a organização como um agente de produção econômica. Essa é uma definição típica do século 20. A organização vem cada vez mais se transformando em um agente de promoção do bem-estar social, porque esse é um papel novo, até porque os governos, de uma maneira geral, não tem condição de entregar o que o que é peculiarmente exigido. Com isso, as empresas, pelo capital de talento e conhecimento que têm, estão ocupando naturalmente esse papel. A fronteira entre o público e o privado está caindo de uma maneira significativa. Eu acredito que no século 21 só sobreviverão as empresas e organizações que a sociedade conferir legitimidade para operar e existir. No mundo de propósitos como que a gente está vivendo, a empresa do futuro é aquela que souber capitalizar em cima do papel social que ela tem a contribuir. Tem um artigo que foi muito popular no século 20, que chamava Miopia em Marketing. Neste artigo, o professor pontua que as empresas que sobreviveriam ao século seriam aquelas que tivessem uma capacidade de adaptação às brutais transformações do seu mercado consumidor. Ele citava como exemplo a entrada das máquinas a vapor, a indústria dos chapéus e de empresários que não sabiam das novas demandas do consumidor no mercado. Caso esse artigo fosse escrito hoje, provavelmente estaria como miopia em marketing, mas como sou mais uma miopia social. As empresas têm que entender as brutais transformações que estão passando na sociedade e em seus stakeholders. Isso não vem do nada, as empresas até então eram movidas pelo retorno do resultado, predominantemente financeiro, e só. Isso está mudando não é porque estamos cansados de medir as empresas do ponto de vista financeiro, mas é que novas ideias estão chegando na sociedade. Um exemplo é a ideia da justiça, que é muito poderosa. O curso mais visitado em Harvard é do professor Michael Sandel, que é prêmio Nobel, sobre curso de justiça. Estamos resgatando com muita força no século 21 os ideais da Revolução Francesa, de 300 anos. Talvez agora consigamos definitivamente praticar os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Esse conceito é muito forte. Quando dirijo até o meu trabalho,  tem uma favela de um lado e um condomínio de luxo do outro. Isso é inaceitável nos dias de hoje, essa diferença social. Talvez por conta do fenômeno da urbanização, com os adensamentos populacionais passamos a vivenciar nas cidades. Isso acelerou essa percepção de justiça. E tem outro conceito do compartilhamento, que está chegando na sociedade com força. É o fato de não precisar ter a posse para conseguir o acesso. Tem toda uma economia de compartilhamento de transporte, artigos, que está sendo inventado a partir de conceitos como o da desmaterialização. Eu não preciso ter o produto se ele é livre.

Vocês têm essa característica de acompanhar os novos líderes que estão surgindo no mundo dos negócios. Acredita que eles possuem essa visão de compartilhamento e da igualdade?

Eu vejo uma transformação sim e tenho uma visão muito positiva sobre isso. São transformações em curso e as mudanças não se dão da noite para o dia. As mudanças mais estruturais são como tijolinhos, que vamos colocando um a um e quando vê tem uma parede de um prédio construído. Acho que existe uma geração nova de executivos que estão muito mobilizados por essa ideia da transformação, do novo papel dos negócios. Como eu falei, essa crença de que a gente precisa construir um mundo mais sustentável, é uma palavra um pouco desgastada e abstrata, mas ela carrega o sentimento de que temos que olhar para o futuro e não pensar só no curto prazo. Temos que construir um mundo melhor e organizações melhores que partem de uma forma mais positiva na sociedade. As empresas não podem ser mais só escravas do resultado, precisam ser agentes do progresso, e ter a capacidade de integrá-lo ao lucro. Esse é um papel fundamental e executivo precisa construir um legado, não apenas entregar resultados para o qual ele está preparado. O lucro é muito importante, é oxigênio do nosso sistema, mas precisa ir além disto, com capacidade de construir legados para a sociedade e o seu grupo social. Isso vai ser cada vez mais demandado ele. Tive uma oportunidade de entrevistar nos últimos dois anos mais de 200 CEOs de empresas no Brasil e multinacionais. Percebi que estão preocupados com essas transformações, sobretudo com as novas gerações, que são motivadas por propósitos, em ir além de gerar 5% de lucratividade a mais para empresa. Ninguém consegue tirar um jovem da cama para trabalhar apenas por isso, você precisa de um sonho. Tem um executivo que nos procurou há um tempo atrás e falou exatamente isso, que precisa de um sonho para mobilizar o time dele em torno de um propósito. Não consigo mais mobilizar só para aumentar o resultado e o faturamento. Esse é um fenômeno novo e muito importante, porque estamos com muitas transformações em curso na nossa sociedade. Se a gente tomar por exemplo os dois pilares fundadores da infraestrutura do mundo ocidental, que são o político e o econômico. No pilar da política, temos a democracia, e no econômico, o capitalismo. O pilar político está em pleno choque em relação ao que qual conhecemos. A sociedade tem uma sensação de que aqueles que estão na política não nos representa de fato. Não foi inventado nenhum sistema político melhor que a democracia, mas ela precisa evoluir, assim como o capitalismo. O capitalismo trouxe um progresso material, um progresso social muito grande para todo mundo. O mundo hoje é muito melhor, materialmente falando e também em relação às condições de vidas, do que era há 100 anos. O capitalismo também tem dois mecanismos fundamentais que ele trouxe. O primeiro é o de troca, o preço que regula a troca, ele atribui valor a produtos e serviços e consegui trocar com mais eficiência. E também trouxe a divisão do trabalho, a especialização, que gera mais competitividade, capacidade de produção e geração de serviços em massa, além do acesso. Porém, quanto mais a gente cresce, maior é o fosso que separa o topo da base da pirâmide. É uma desigualdade social criminosa e precisa ser eliminada.

A educação básica brasileira sofre com a falta de qualidade e a ineficiência para formar os alunos. Esse é um problema que afeta a economia?

Eu acho que esse não é um problema não, esse é o problema. O encaminhamento da solução para o nosso país está na educação. Falar de educação é falar do capital humano. Esse termo mostra que só através do capital humano você consegue colocar imaginação ao empreendimento. Sem o capital humano, você não consegue criar. Seja do mundo do algoritmo ou da inteligência artificial, tem alguém por trás. E isso é proporcionado pela educação, que é revolucionária. Aquilo que você aprende aquilo ninguém te tira. É seu e vai morrer com ele. Então é por aí que a gente tem que ir atacar. Nos descuidamos muito dessa questão da educação no Brasil. E só com a educação de uma maneira inclusiva que vai ocorrer a mobilidade social, coisas que ainda não conseguimos. Nos últimos 30 anos, tivemos mecanismos que produziram ascensão e mobilidade social, como a Constituição de 1988, que hoje nesse se discute muito a necessidade de reformá-la. E é preciso de fato, mas ela foi um mecanismo fundamental de inclusão social com as regras que ela criou. Tivemos um segundo fenômeno, que foi o controle da inflação. A inflação alta é produtora de desigualdade e temos que ter muita atenção para não deixá-la escapar. No terceiro mecanismo, que foi o fenômeno da globalização, o que tirou muita gente da pobreza tanto, na Rússia, na China, no México, na Indonésia e no Brasil. E nós tivemos todos os mecanismos de transferência de renda, entre eles o mais famoso, que é o Bolsa Família. Mas nenhum deles foi suficiente para, de maneira sustentável, promover uma redução da desigualdade, porque a única forma estruturada e capaz de produzir de uma maneira longeva essa mudança é a educação. E sempre descuidamos disso no Brasil. Conseguimos colocar quase 100% das crianças na escola apenas no final do século 20. A Argentina, por exemplo, conseguiu fazer isso no final do século 19. Nos anos 1950, éramos 90 milhões de habitantes e apenas 40% das crianças iam para escola. No final do século 20 éramos, 200 milhões de habitantes e 100% das crianças iam para a escola, só que hoje a qualidade do ensino é questionável. Mesmo assim, conseguimos resolver esse problema de abrir vagas e colocar todas as crianças na escola. Agora agenda é da qualidade.

O que a Fundação Dom Cabral está fazendo para ajudar o país a alcançar essa inclusão e colocar o pequeno empreendedor no mercado?

Temos uma atuação de 44 anos em educação executiva. A educação executiva, naturalmente, trabalha com seguimento no topo da pirâmide, com grandes corporações, empresas e executivos. Sentimos a necessidade de mover a nossa ação para base da pirâmide. A pandemia nos ajudou a acelerar nossa ação nesse Campo. Uma delas é o programa Para Frente, que tem por objetivo capacitar um milhão de empreendedores populares que não tem acesso ao ensino formal e ao ensino executivo. Então, essa é uma ação que queremos levar com muita ênfase, com muita força, porque acreditamos que uma das saídas está aí. Temos milhões de empreendedores no Brasil, que podemos ajudar a conseguir se formalizarem e gerar renda. O brasileiro tem uma capacidade criativa e de trabalho muito grande. Queremos trazer o mundo corporativo e parceiros para essa ideia, além de governos. A nossa intenção é entrar na comunidade, já estamos fazendo isso, para levar o conhecimento. Uma outra ação que estamos fazendo é voltada para as organizações sociais, ela já ocorre há algum tempo. Existem muitos empreendedores e ONGs que têm uma paixão grande pelas questões sociais, mas muitas vezes não tem recursos para implementar as suas ideias. É um trabalho muito interessante e com isso a escola de negócios pode cumprir melhor o seu papel, que é o papel de trabalhar não só para o setor produtivo, mas também para os despossuídos, aqueles que não têm capacidade do acesso.

Como as pessoas interessadas podem participar do curso para empreendedores populares?

O curso tem alguns pilares. Temos uma parte conceitual, voltada a uma formação com ênfase na dimensão econômica e financeira do pequeno negócio, separação do dinheiro pessoal da empresa, por exemplo. São ferramentas muito simples e básicas, mas muito poderosas. É um curso online, que é acessível por telefone, celular, tablet. Um segundo pilar é o da mentoria. Teremos voluntários, que são executivos que já passaram pelos nossos cursos, que vão apoiar individualmente as pessoas. Essa mentoria para o negócio vai ter um componente muito forte na orientação emocional do pequeno empreendedor, voltada inclusive para estimular a autoestima e reforço positivo da capacidade dele. E nós temos também uma estratégia que é articular um acesso melhor com sistema de fornecedores e clientes para o pequeno negócio, construir na comunidade um cluster em uma capacidade de reunir e estimar aquela região. Estamos trabalhando também com o microcrédito, porque o dinheiro é oxigênio para fazer o negócio girar e virar. As ferramentas de microcrédito são muito poderosos para apoiar o microempreendedor nos negócios. Esse programa vai ser veiculado de várias formas, vamos procurar algumas associações em aglomerados e favelas. Já estamos em curso em Paraisópolis, em São Paulo, é um curso para o Brasil inteiro. Aqui Belo Horizonte, no aglomerado da Serra, já estamos atuando no campo de cozinha e de fabricação de marmitas e tecidos, principalmente com essa questão de fabricação de máscaras, máquinas de costuras para gerar renda e recursos. Vamos procurar empresas também que tenham na sua cadeia produtiva contatos com uma legião de microempreendedores e, em combinação com eles, abordar esse conhecimento. Esse é um programa que eu tenho convicção e otimismo de que vamos conseguir levar o conhecimento, que até então a maioria das pessoas não teve acesso de uma maneira muito ampla.

Em 2012, quando o crescimento econômico era grande, o Brasil convivia com o medo do apagão de mão de obra. Depois que veio a crise e a instabilidade política, a partir de 2015, foi um tema que deixou de ser discutido. Esse problema pode voltar quando o crescimento for retomado? 

Esse ponto é muito importante.Estamos vivendo uma transformação na economia muito significativa e a tecnologia está acelerando a necessidade de requalificação das habilidades dos trabalhadores. Novas funções estão sendo criadas e isso pode gerar um Apartheid funcional no país, com as pessoas sem capacidade para as profissões do futuro. Esse é um risco que a tecnologia traz, então é preciso investir maciçamente nessa requalificação e esse é um esforço de todos, tanto dos governos e quanto das empresas. Eu me lembro da década de 1980, quando tínhamos um alto nível de analfabetismo no mercado de trabalho. Era muito comum as empresas terem taxas elevadas de colaboradores que não tinham o mínimo de alfabetização e nós acabamos com esse problema de uma maneira geral. Foi uma transição entre 10 a 15 anos, então esse momento atual é como o lá de trás. Agora é uma alfabetização tecnológica a precisamos trabalhar juntos para resolver esse problema. Eu sempre digo que o tamanho da empresa é o tamanho da cabeça dos seus colaboradores, portanto este é o melhor investimento que precisa ser feito. Até porque o conhecimento é um ativo perecível nesse mundo que está mudando tanto, o que a gente aprendeu ali atrás ele tem pouca valia na frente. O que eu aprendi na faculdade talvez eu já não aplique mais, preciso de um outro conhecimento. A Fundação Dom Cabral está apostando no ponto de vista educação em duas tendências de futuro que vieram para ficar. Uma primeira, que se chama em inglês de Life long learning, que é o aprendizado ao longo da vida, sobretudo agora que estamos vivendo mais tempo e aposentando cedo. Precisamos continuar nos requalificando, tirar uma semana do ano para aprender uma habilidade nova e um conhecimento, que seja ligado ou não ao trabalho. Os nossos programas procuram acompanhar a evolução da pessoa ao longo da vida dela, da sua juventude até a aposentadoria. Acho importante aproveitar a experiência e a Sênior das pessoas também.

A Fundação Dom Cabral desenvolve um estudo sobre a longevidade da mão de obra. Quais os objetivos desta pesquisa?

Nós temos uma linha de pesquisa que está crescendo e vai se transformar em um centro de conhecimento também, que está ligada a longevidade. Esse é o fenômeno e os executivos das empresas estão se aposentando ainda jovens, com uma expectativa de vida longa e capacidade de contribuição muito grande, um super conhecimento acumulado que é desperdiçado se não fizer nada. E nós estamos em um processo de envelhecimento da população muito acelerado no Brasil. Temos uma geração de jovens entre 15 e 24 anos, em torno de 40 milhões de habitantes. Esses são últimos 40 milhões de jovens que vamos ter, a última geração que teremos, daí para frente só vamos reduzir esse tamanho da população de jovens no Brasil. É um envelhecimento que traz repercussões na Previdência, em produtos na saúde, então é disso que as nossas pesquisas estão tratando para transformar isso em programas de educação, levar esses estudos para as autoridades competentes. Essa é uma megatendência mundial que a gente precisa tomar conta.

O que o governo pode fazer para criar um melhor ambiente para as empresas? Muito se fala sobre a desoneração da folha, reforma tributária e diminuir o tamanho do Estado. São pontos que vão gerar mais desenvolvimento e geração de emprego?

Para criar um ambiente favorável aos negócios, acho que o governo precisa soltar a economia e impulsionar as empresas. O talento criativo no Brasil é muito grande e é capaz de fazer essa economia destravar. Estamos há tantos anos com crescimentos irrisórios, embora tenhamos sido um dos países que mais cresceu do mundo do século 20, por incrível que isso pareça e das duas décadas perdidas. Quem sabe isso não se repete no século 21 e a gente consiga crescer e incluir. São duas palavras importantíssimas na nossa sociedade. Precisamos destravar o país, há 30 anos que as reformas não foram implementadas e a gente precisa, como eu falei, refundar o nosso estado. A Reforma da Previdência foi muito importante e eu digo que ela está ligada ao ciclo de envelhecimento do país. Por isso, é preciso ser revisto a cada dez anos. Não é porque fizemos desta vez que estamos resolvidos, precisamos fazer mini reformas a cada dez anos. Todos os países fazem isso. Precisamos da reforma administrativa que está em discussão, precisamos reduzir o tamanho do estado brasileiro, que tem um papel regulador e controlador. Ele precisa regular, controlar e fiscalizar, mas ele não precisa estar em campos da atividade empresarial. Precisamos de uma reforma tributária para estimular a produção e o consumo, o investimento. Precisamos reforçar o ensino fundamental e o ensino básico no país. O governo precisa ser estimulado e cobrado para poder avançar para a economia melhor.

FONTE: Portal O Tempo

 

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