BRASÍLIA – O Ministério da Saúde recomendou que municípios, o Distrito Federal e estados que implementaram medidas de distanciamento social ampliado migrem para uma estratégia de distanciamento social seletivo, no qual apenas alguns grupos mais susceptíveis à doença fiquem de fato isolados. Essa migração poderá acontecer a partir de 13 de abril naquelas localidades em que os casos confirmados da doença não tenham comprometido mais de 50% da capacidade instalada do seus sistemas de saúde. A recomendação está no boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira.
“A partir de 13 de abril, os municípios, Distrito Federal e Estados que implementaram medidas de Distanciamento Social Ampliado (DSA), onde o número de casos confirmados não tenha impactado em mais de 50% da capacidade instalada existente antes da pandemia, devem iniciar a transição para Distanciamento Social Seletivo (DSS)”, diz um trecho do boletim.
A recomendação é feita em meio à crise envolvendo a possível demissão do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que vinha defendendo a manutenção de medidas de isolamento social determinadas pelos governos estaduais enquanto o presidente Jair Bolsonaro defende medidas como o distanciamento social seletivo, também chamado de isolamento vertical.
O boletim define o distanciamento social ampliado assim: “Estratégia não limitada a grupos específicos, exigindo que todos os setores da sociedade permaneçam na residência durante a vigência da decretação da medida pelos gestores locais. Esta medida restringe ao máximo o contato entre pessoas.”
Já o distanciamento social seletivo é definido dessa forma: “Estratégia onde apenas alguns grupos ficam isolados, sendo selecionados os grupos que apresentam mais riscos de desenvolver a doença ou aqueles que podem apresentar um quadro mais grave, como idosos e pessoas com doenças crônicas (diabetes, cardiopatias etc) ou condições de risco como obesidade e gestação de risco. Pessoas abaixo de 60 anos podem circular livremente, se estiverem assintomáticos.”
O texto também diz que quem adotou o distanciamento social ampliado deve manter essas medidas até que os equipamentos e profissionais de saúde “estejam disponíveis em quantitativo suficiente, de forma a promover, com segurança, a estratégia de distanciamento social seletivo”. Trata-se do “único instrumento de controle da doença disponível no momento”.
Segundo o documento, isso não vai evitar a epidemia, mas vai dar mais tempo para preparar o sistema de saúde. “Não há possibilidade de evitar a epidemia, há somente a possibilidade de diminuir o pico epidêmico em número de casos e distribuí-los ao longo do tempo a fim de preparar o sistema de saúde”, diz trecho do boletim.
— Fazer uma transição direta, sem termos os condicionantes de saúde — quais são: equipamentos de proteção individual, termos respiradores mecânicos, e termos teste laboratoriais e leitos em quantitativo suficiente — é temerário. Tenho convicção de que estados e municípios estão fazendo todo o esforço possível para ter esse quantitativo. Agora, lembro que a epidemia não é igual em todos os estados. Temos localidades que não teriam, neste momento, nenhuma indicação, sem caso, de estar fazendo medida de distanciamento social. Essa que é a questão — explicou o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson de Oliveira, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
FONTE: O Globo