A piora da pandemia de covid-19, com risco de colapso generalizado do sistema de saúde no país e novas medidas de restrição, fez a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) reduzir a projeção para o faturamento do setor neste ano, de R$ 235 bilhões para R$ 215 bilhões. Apesar disso, o desempenho deve ser superior ao do ano passado, quando ficou em R$ 175 bilhões.
Apesar de os números da pandemia — casos, ocupação de UTIs e mortes — serem maiores dos que os do pior momento do ano passado, o setor ainda vê alguma recuperação de receita neste ano. “Em 2021, ainda não tivemos o fechamento completo de bares e restaurantes em várias regiões e por um longo período como no ano passado. E acredito que não veremos isso”, afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel. “Bares e restaurantes estão abertos em praticamente todos os lugares, apesar de alguma restrição de horário”.
A associação trabalha com um cenário em que os números da pandemia e o número de pessoas vacinadas melhorem já a partir de março. A retomada do auxílio emergencial também deve ajudar o setor, diz o executivo.
Mas a situação das empresas piorou, e muito, de outubro para fevereiro, segundo levantamentos feitos pela entidade nesses dois períodos. No mês passado, 60% das empresas do setor no país relataram estar operando com prejuízo, ante 52% em outubro. Em São Paulo, o percentual aumentou de 63% para 72%. “Agravou-se profundamente a solvência de todas”, disse.
Ainda segundo o levantamento de fevereiro da Abrasel, 25% das empresas não conseguiram pagar o 13º salário e dois terços estão inadimplentes com o Simples. Em fevereiro, venceu a carência das linhas de crédito do Pronampe, que deve registrar uma inadimplência alta. “A situação do setor é de desespero”, diz Solmucci. Segundo ele, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se comprometeu a estender o BEm, a carência do Pronampe e a lançar outras linhas de crédito para o setor.
De acordo com dados da Abrasel, na pandemia, 300 mil empresas do setor de bares e restaurantes fecharam as portas. Elas eram um milhão em março do ano passado. Cerca de um milhão de trabalhadores foram demitidos, de um total de seis milhões.
FONTE: Valor Econômico