O governador Wilson Witzel exonerou, nesta quarta-feira (3), o secretário Lucas Tristão, do Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais. A publicação ocorreu no fim da manhã no Diário Oficial.
Tristão é apontado como um dos principais desafetos do governo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que já tem dez pedidos de impeachment contra o governador.
A exoneração é vista como uma tentativa de barrar o processo de impeachment, um dia após o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), fazer duras críticas ao governador na reunião do colégio de líderes.
“Se nós aqui fossemos repetir o gesto do Governo, no dia de ontem nós teríamos que ter aceitado o processo de impeachment. Em nenhum momento isso passou pela minha cabeça, não é da minha índole. A gente não vai agir com fígado e a gente sabe da responsabilidade”, disse Ceciliano.
O deputado estadual Chicão Bulhões é autor de um dos pedido de impedimento. Para ele, Witzel tenta melhorar a situação com o Parlamento, mas os motivos para o impeachment continuam.
“Isso, certamente, foi alguma orientação que o governador recebeu para que a exoneração do Tristão o fizesse se livrar do processo, mas acredito que a Mesa Diretora deve levar adiante os pedidos para votar”, diz ele. “O Tristão sempre tratou a Casa como uma inconveniência, algo secundário.”
O presidente da Casa afirma que o governo tentou enfraquecer o Legislativo, oferecendo cargos no Poder Executivo, e se ofendeu com frases atribuídas a Tristão em uma reunião no Palácio Guanabara, sede do governo.
“Os comentários que se faziam no Palácio, com os deputados aqui presentes, eram de que ‘deputado é igual jujuba, qualquer esquina você pode comprar’ e ‘que deputado na hora da votação vai parar o carro forte na Assembleia’.
Tristão é o sexto secretário demitido em meio à crise no governo estadual. Os outros são: Edmar Santos, André Moura, Luiz Claudio, Marcus Vinicius, Jorge Gonçalves da Silva.
Dossiê e espionagem
Em outra frente, Tristão já tinha se desgastado com a Casa, suspeito de encomendar dossiê e espionagem contra os deputados. A Alerj pediu que o Ministério Público e a Polícia Federal investigassem o caso.
“Ele (Tristão) falou, tenho testemunha, que tinha dossiê contra os 70 deputados. E vamos mandar remeter também pro Ministério Público”, disse Ceciliano à época.
Também na ocasião, o então líder do Governo na Casa, Márcio Pacheco, desmentiu. “Não há nenhuma ação de escuta”, afirmou.
Depois da Operação Placebo, que fez buscas na residência oficial do governador, Pacheco deixou o posto de líder do governo. Ele também fez críticas ao modo como o governador tem conduzido a negociação com a Casa.
FONTE: G1